Resultado - Prêmio TopBlog 2012 - Literatura

Blogs Profissionais - Júri Popular:

1º - Concursos Literários – concursos-literarios.blogspot.com.br

2º - Pra ler – praler.org (parceiro deste blog)

3º - Trilhas de Luz – trilhasdeluz.blogspot.com


Blogs Profissionais - Júri Acadêmico:

1º - Viaje na leitura – www.viajenaleitura.com.br

2º - Escrivaninha Literária – escrivaninhaliteraria.com (parceiro deste blog)

3º - Mundo do Livro – www.mundodolivro.com


Blogs Pessoais - Júri Popular:

1º - As aventuras de Francesco – asaventurasdefrancesco.blogspot.com

2º - Fluffy – fluffy.com.br

3º - A magia da Poesia – www.poesiaspoemaseversos.com.br/blog/


Blogs Pessoais - Júri Acadêmico:

1º - Pronome Interrogativo – www.pronomeinterrogativo.com

2º - Domingo com Poesia – domingocompoesia.blogspot.com.br

3º - Revista SAMIZDAT – samizdat.oficinaeditora.com (parceiro deste blog)



E a equipe deste blog esteve presente na cerimônia, todos um tanto ansiosos, pois éramos finalistas, mas não sabíamos que havíamos ficado com a primeira colocação. Confira abaixo algumas imagens da cerimônia:

Teatro da UNIP, em São Paulo, minutos antes do começo da cerimônia.


Equipe do blog recebendo o prêmio: André Kondo, Ana Carolina Alencar,
Joaquim Antonio, Amanda Reznor, Rodrigo Domit e Daniela (no colo).


Após o fim da cerimônia, aproveitamos o banner para uma última foto.



O certificado que recebemos junto com o troféu do Prêmio TopBlog.

Concursos literários são ponto de partida para novos escritores

ADRIANA FARIAS
Colaboração para a Folha de São Paulo


Publicado no caderno FOLHATEEN de 28/01/2013


Aquela redação escrita na sala de aula ou a poesia rabiscada numa noite em claro podem ganhar visibilidade por meio de concursos literários, capazes de dar o pontapé inicial na carreira de quem quer virar escritor.

No ano passado, ao menos 312 concursos de poesias, contos, romances e crônicas foram abertos no Brasil, segundo mapeamento do escritor Rodrigo Domit, 28, criador do blog concursos-literarios.blogspot.com.

"Viabilizar uma obra para um autor iniciante é caro, por isso os concursos são a melhor opção", afirma.

Foto: Alessandro Shinoda/Folhapress
João Paulo Hergesel, 20, e algumas das antologias
nas quais estão publicados seus textos


O escritor João Paulo Hergesel, 20, não pode ouvir falar em concursos literários: seus dedos ficam inquietos e a cabeça vai a milhão.

Nascido em Sorocaba, mas criado em Alumínio, a 79 km de São Paulo, ele já participou de mais de 200 concursos. Ganhou 60 deles.

Como resultado, teve textos publicados em nada menos que 25 antologias. As porcelanas e os porta-retratos que antes decoravam a sala da casa onde mora deram lugar a livros, troféus, certificados e menções honrosas. Prêmios em dinheiro foram três, totalizando R$ 3.500.

Hergesel enfrentou o primeiro concurso aos oito anos, na escola. Aos 15, começou a levar a coisa a sério.

"Percebi que queria mesmo escrever, então fiz o que muitos adolescentes fazem: criei uma comunidade --na época, no Orkut-- e passei a divulgar meus textos. Ver as pessoas comentando e elogiando me incentivou a ir aos concursos", conta.

Resolvida a questão da coragem, o que faltava era idade para concorrer.

"Era uma dificuldade. A maioria dos concursos era para maiores de 18 anos, mas eu não desanimava. Ia atrás dos que permitiam todas as idades. Não tive medo."


PORTUGAL


Antes mesmo de completar a maioridade, o paulista conquistou 25 prêmios, sendo dois em Portugal, na categoria poema.

Mas aquele que considera o mais importante veio quando tinha 19 anos: o primeiro lugar na categoria conto infantojuvenil do Prêmio Sesc-DF 2012.

Um dos mais importantes do país, o Prêmio Sesc-DF teve na última edição 1.200 participantes. As inscrições para a próxima edição vão de 1º de junho a 31 de agosto, só para maiores de 18 anos. As obras vencedoras serão publicadas e comercializadas.

Para escrever os textos dos concursos a inspiração do aluminense vem até de madrugada. "Quando não tem papel e caneta por perto anoto tudo no celular", conta. "E se o celular pifar?", pergunto. "Nesses casos, a memória é a única solução! Durante um voo de volta de Brasília, isso me aconteceu: não podia ligar o celular e não tinha papel e nem caneta, então simplesmente registrei no pensamento", conta. A situação lhe rendeu um trecho para um poema: "escrevo no pensamento e quem quiser que me leia pelos olhos".

Quem também viu a carreira deslanchar depois de concursos foi Luisa Geisler, 21.

Nascida em Canoas (RS), ela ganhou o Prêmio Nacional Sesc de Literatura em 2010/2011 na categoria conto, com o livro "Contos de Mentira", e, em 2011/2012, venceu com o romance "Quiçá".

Luisa foi uma dos 20 nomes escolhidos pela celebrada revista literária inglesa "Granta" para a edição "Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros", publicada em 2012.

"Quando você é muito novo, rola preconceito. Os concursos são uma forma de ganhar reconhecimento."

Ela dá um conselho a quem quer entrar nesse meio.

"Perdi vários concursos e isso me desmotivava, mas aprendi que não se pode levá-los tão a sério. É coisa de momento, do jurado que leu seu texto. Perder não é sinal de que a obra é ruim. Uma hora você ganha."

Concursos Literários no Caderno de Cultura do jornal Estado de Minas

Concursos literários se tornam selos de qualidade para novos escritores
Escritores e especialistas avaliam a importância dos prêmios literários brasileiros

Por Carolina Braga - EM Cultura


Quem vive na pele as agruras do mundo editorial não nega que a distribuição continua sendo um problema no mercado brasileiro. Mas, convenhamos, dar vida a uma obra literária, nos dias de hoje, é incomparavelmente mais fácil do que no século passado. Porém, as possibilidades dilatadas têm suas consequências. Como saber o que é bom ou ruim diante de tanta oferta? Há quem diga que os prêmios funcionam como cartão de visitas, mas, ainda assim, surgem questões. Afinal, em um tempo em que todo mundo publica, para que serve um concurso literário?

“A vantagem é ser uma ferramenta com a qual podemos tentar distinguir o joio do trigo, na medida em que o mercado editorial brasileiro cresceu muito”, afirma João Pombo Barile, coordenador do Prêmio Governo Minas Gerais de Literatura. “O prêmio ajuda a qualificar esse conjunto de informações. São pessoas renomadas que se debruçam para selecionar aqueles textos. São trabalhos que, de certa forma, são singulares”, completa Adriana Cybele Ferrari, coordenadora do Prêmio São Paulo de Literatura, um dos mais cobiçados do país.

Para quem está do outro lado da linha, mais que ser considerado trigo em meio ao joio, a vitória em um concurso pode ser um empurrão. “Estamos, sim, em um tempo em que todo mundo publica. Melhor: em que tudo se publica, exatamente ‘tudo’, entretanto, literatura de proposta, literatura de inquietação, literatura de ‘desassossego’, essa não encontra boa acolhida. Grandes autores só conseguem publicar por meio de parcerias, isto é, pondo alguma grana na edição do livro. Concursos literários servem para divulgar nomes novos ou remunerar um tempo de produção para quem já não é novo”, resume Jeter Jaci Neves.

O escritor e professor venceu com o romance Vila vermelho o Prêmio Governo Minas Gerais de Literatura no ano passado. Além do montante de R$ 25 mil para a conclusão da obra, graças ao reconhecimento pôde avaliar propostas para publicação. “Finalmente tenho o aceite de um grande editor, espero ver o romance editado no próximo ano. Neste caso, o prêmio teve um peso significativo na decisão da editora”, revela.

Se não tivesse vencido a categoria reservada aos jovens escritores no ano passado, André Zambaldi provavelmente já teria cortado a literatura da vida dele. “Estava praticamente desistindo. Levei três anos para ganhar e foi no limite da minha idade”, conta André Zambaldi, selecionado com o romance O sono de Morpheu. O prêmio, no valor de R$ 42 mil, garantiu a ele seis meses de dedicação exclusiva ao projeto.

“Mudou tudo para mim. Literatura requer investimento. Tem que fazer todos os dias. Agora sei que posso investir nisso o resto da minha vida”, diz. E o jovem de 27 anos não perde mais tempo. “Depois que ganhei comecei a prestar atenção nesse mercado da literatura. Sempre estou olhando outros concursos. Vou investir meu tempo e criatividade nisso”, revela.

Para André, além da quantia em dinheiro, as disputas servem de motivação. “Depois que terminei O sono de Morpheu já comecei a escrever alguns contos para um concurso no Nordeste”, adianta. Os números comprovam o hábito criado pelo escritor. Em quatro edições (2008, 2009, 2010 e 2011), o Prêmio Governo Minas Gerais de Literatura teve 3.682 inscritos em três categorias. “Tudo no Brasil cresceu, mas isso não quer dizer que o aumento quantitativo tenha alguma implicação na qualidade”, observa João Barile.


Vez dos pequenos

Para aqueles que procuram concursos literários de menor porte, uma dica é consultar o site www.concursosliterarios.com.br. Mantido pelo portal Amigos do Livro, traz uma lista atualizada com inscrições abertas para prêmios no país inteiro. Outra opção é o blog concursos-literarios.blogspot.com.br, que traz informações filtradas por ano e também por mês.


FIQUE LIGADO

» Prêmio Governo Minas Gerais de Literatura
Inscrições abertas até 30 de setembro. Serão distribuídos R$ 212 mil para as categorias conjunto da obra; poesia; ficção e jovem escritor mineiro. Foi criado em 2007 e destina-se somente para autores nascidos ou residentes em Minas Gerais há pelo menos cinco anos. www.cultura.mg.gov.br/premio-governo-de-minas-gerais-de-literatura

» Prêmio Cidade Belo Horizonte e João de Barro
Criados em 1947 e 1974, os concursos literários João de Barro e Cidade de Belo Horizonte foram realizados até 2009. Em 2010, passaram por um processo de revisão e modernização. Em 2011, foi retomado o João de Barro, já em nova fase, e, em 2012, de acordo com a Fundação Municipal de Cultura, será retomado o Prêmio Cidade de Belo Horizonte.

» Prêmio SESC de Literatura
Inscrições abertas até 30 de setembro. Vai premiar textos inéditos nas categorias conto e romance de escritores brasileiros ou estrangeiros residentes no país. Os vencedores terão as obras publicadas e distribuídas pela Editora Record, com uma tiragem inicial de 2 mil exemplares. Informações: www.sesc.com.br/premiosesc/
edital.html

» Prêmio São Paulo de Literatura
Criado em 2008, está entre os prêmios literários de maior visibilidade no país graças ao valor concedido. São apenas duas categorias, melhor livro do ano e melhor livro do ano de autor estreante. Cada um recebe o montante de R$ 200 mil. O anúncio dos vencedores será em setembro. Informações: www.premiosaopaulodeliteratura.org.br

» Prêmio Portugal Telecom de Literatura
Inscrições encerradas em março. Com prêmios de até R$ 100 mil, é destinado a livros já publicados no Brasil no ano anterior. São agraciadas obras nas categorias romance, conto, poesia, crônica, dramaturgia e autobiografia. Informações: www.premioportugaltelecom.com.br

» Prêmio Jabuti
Inscrições encerradas em maio. Promovido pela Câmara Brasileira do Livro desde 1959, é o mais antigo e o mais polêmico da área. Inclui categorias como ilustração, capa, além de diversos gêneros literários e técnicos. Também destinado a obras publicadas no ano anterior. Informações: www.cbl.org.br/jabuti/telas/regulamento


Bússola subjetiva

Veterano em premiações, o escritor mineiro Luiz Ruffato já perdeu o romantismo em relação a distinções, envolvam dinheiro ou não. “Concursos e prêmios são importantes, porque fazem parte da vida literária. Esse tipo de evento acaba fomentando a circulação de pessoas e ideias. Agora, achar que prêmio é garantidor de qualidade é uma bobagem”, afirma.

Finalista este ano dos prêmios São Paulo de Literatura e Portugal Telecom com o romance Domingos sem Deus (Record), Ruffato prefere acreditar em equação bem mais banal. “Premiação significa apenas o seguinte: naquele momento, as pessoas do júri acharam que seu livro é legal. São prêmios do mercado e não fomentam qualidade”, observa ele, que, aliás, já foi jurado diversas vezes.

No fim das contas, a aposta em um ou outro escritor passa pela subjetividade. Mas a tarefa de julgar é árdua. “Sempre fica a dúvida: será que esse resultado é justo? Há um embate interno desgastante. Não sei até que ponto temos condições de sempre eleger o melhor”, afirma outra jurada, a escritora Maria Esther Maciel, professora da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais.

Para minimizar conflitos pessoais, ela procura se reger por parâmetros relacionados à qualidade literária, ao trabalho com a linguagem e à originalidade. “Arrolo alguns critérios para poder me nortear, mas eles acabam entrando nesse registro da subjetividade”, explica. Em prêmios e concursos, tornou-se comum a reunião final de jurados para cada um defender seu ponto de vista.

Luiz Ruffato acha que o objetivo de eleger o melhor não passa de utopia. “Ao ler uma quantidade grande de livros, não é possível dizer que esse é melhor do que aquele, mesmo cientificamente. Você pode dizer que gosta mais de um por tais razões, e outra pessoa argumentar que prefere outro”, lembra.

Coordenador do Prêmio Governo Minas Gerais de Literatura, o jornalista João Barile avisa: “Por mais que se diga que há critérios objetivos, o gosto tem sempre imensa variável subjetiva. Procuro convidar pessoas que não adotem aquele comportamento de ‘panela’”. Apesar de frisar o papel da subjetividade, ele não tem dúvidas: “A principal função desse tipo de prêmio é tentar ser uma bússola”.


Fonte:
Dica da escritora mineira Fátima Soares Rodrigues

Concursos Literários no site Pra Ler - Parte 3


O Pra Ler conta com um site e um programa de rádio, que é veiculado toda quinta-feira, às 16:15, na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM ou www.ufmg.br/radio). Eles acabaram de publicar uma série de três matérias sobre Concursos Literários. A última delas saiu na sexta-feira e segue no link abaixo:



Confira também:
Concursos literários - Atrás dos pseudônimos
Concursos literários - Gêneros Diversos




[Série] Concursos literários – Do outro lado do texto
Escrito por Julia Marques
29 de agosto de 2012


Assim como os concursos, as motivações para participar também são diferentes e dependem do autor e sua posição no meio literário. O escritor Alexandre Lobão conta que atualmente só participa do concurso de Ficção Científica Brasileira (FC do B), idealizado em 2004 pela Book House Boys, com o objetivo de se divertir. Mas no início de sua carreira, Lobão considera que os concursos foram importantes para que ele continuasse escrevendo.

Autores que nunca publicaram encontram nos concursos literários um aval para a qualidade de suas obras. Rodrigo Domit, editor do blog Concursos Literários, acredita que o que leva as pessoas a começarem a participar é a ansiedade por saber se alguém que não conhecem e que entende de literatura vai gostar daquilo que produzem. “O dinheiro também pesa, mas acho que, no começo, é mais o desejo de saber se é bom – como se ficar de fora da lista de selecionados fosse um atestado de ruindade”, aponta.

Muitos concursos não garantem a publicação da obra, mas dão visibilidade ao autor. “Todos os participantes vão querer conhecer os textos e autores selecionados. Depois, o autor ainda pode enriquecer o currículo literário, enviar release para a imprensa local quando se destaca em algum prêmio e, se houver cerimônia de premiação, ainda tem a oportunidade da troca de experiências com outros selecionados e com os autores da região em que o concurso é realizado”, destaca Domit. A visibilidade pode ser uma chancela para o mercado editorial. O escritor Rafael Clodomiro acredita que os prêmios ajudam a tornar os escritores conhecidos no meio, o que facilitaria a publicação da obra. “As editoras não querem somente autores talentosos na arte de escrever, e sim, também, escritores que estão sendo bem falados, bem criticados”, diz.

O escritor Cristovão Tezza também acredita que os concursos eventualmente facilitem a edição, mas relativiza o papel dos concursos na inserção de um autor no mercado editorial. “Um prêmio pode chamar a atenção de uma editora, mas certamente não será determinante para a decisão de publicar um livro”, defende. O escritor, que foi finalista no Prêmio Internacional Impac-Dublin de literatura e faturou o Jabuti e Portugal-Telecom de Literatura em Língua Portuguesa, conta que nunca escreveu pensando em concursos. “Eles apareciam e eu me inscrevia, assim como mandava meus originais para as editoras. Jamais perdi o sono por não ganhar concurso”, afirma.

Cristovão Tezza, por Guilherme Pupo/Folhapress

Mas ele também acredita que eles podem abrir oportunidades. No seu caso, a menção honrosa no Prêmio Cruz e Souza para a obra Ensaio da Paixão, em 1981, valeu uma edição do livro em 1985. Já a segunda colocação no concurso da Petrobras facilitou a primeira edição de Aventuras provisórias. Mas Cristovão conta que o que de fato começou a lhe dar espaço na literatura brasileira foi a edição de Trapo, em 1988, por uma grande editora. “O mesmo texto que havia perdido dois ou três concursos de romances inéditos nos anos anteriores”, pontua.

A trajetória de premiações de Cristovão Tezza não é nem de longe parecida com a da maioria dos escritores. Muitos tentam concursos há bons anos e nunca conseguiram menções honrosas. Porém, não ser premiado em um concurso não significa necessariamente que um texto é ruim e muito menos que é hora de desistir de escrever. “Quem almeja se projetar como escritor deve antes de mais nada se preocupar em escrever bons livros. Concurso é acidente, não objetivo de vida”, acredita Cristóvão.

O julgamento
Até o dia 30 de setembro deste ano, algumas dezenas de livros de contos e poesias devem chegar à Rua Deputado Lacerda Franco, no bairro Pinheiros, em São Paulo. O endereço é do Grupo Editorial Scortecci, que promove anualmente o Prêmio Literário Livraria Asabeça. Do material enviado, será escolhido no dia 31 de dezembro um livro de contos e um de poesia para serem publicados pela Editora. Até lá, um longo caminho pela frente.

O editor responsável pelo certame, João Scortecci, conta que logo que as obras chegam, passam por uma primeira triagem feita por ele mesmo. Nessa primeira peneira saem os “trabalhos muito fracos” ou “com erros de português”. Ele explica que isso elimina cerca de metade do material. Depois da triagem é montada uma comissão julgadora, formada por escritores, que muda a cada ano. Este ano é provável que sejam contistas e poetas, para avaliarem esses dois gêneros contemplados pelo concurso.

Cada jurado escolhe dez trabalhos e depois discutem e mostram os prós e contas das obras pré-selecionadas. Em um processo nem sempre amistoso, a comissão julgadora deve sair com um único título a ser premiado. Mas, se cada um vota em uma obra, a escolha se complica. Aí a decisão volta a Scortecci, que é o editor responsável. É ele quem dá o voto de Minerva.

“Os jurados vão por uma preferência pessoal. Aliás, todo concurso é muito pessoal”, defende João. Não há um critério geral que norteie os autores na hora da escolha, mas Scortecci dá pistas sobre suas preferências: “os jurados procuram aquilo que é novo, que é diferente, aquilo que pode realmente representar um bom livro”. E o que pode representar um bom livro? A resposta está longe de ser um consenso.

Cristovão Tezza, que já foi membro de várias comissões julgadoras, entre elas a do último Prêmio Sesc de Literatura, conta que julgar dá muito trabalho, pela quantidade de leitura que exige e pela subjetividade inevitável da avaliação. “Literatura não é, e jamais deve ser, ciência exata. Quem entra num concurso deve estar ciente de que será objeto de uma avaliação de momento, segundo determinadas percepções e visões de literatura carregadas de uma inevitável, e de certa forma desejável, dose de subjetividade”, diz.

Concursos Literários no site Pra Ler - Parte 2


O Pra Ler - que conta com um site e um programa de rádio, que é veiculado toda quinta-feira, às 16:15, na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM ou www.ufmg.br/radio) - está publicando uma série sobre Concursos Literários.

Ontem saiu a segunda de três partes, que segue no link abaixo, e nós publicaremos também as sequências:






[Série] Concursos literários – Gêneros Diversos
Escrito por Julia Marques
29 de agosto de 2012
Veja também: Concursos literários - Atrás dos pseudônimos

Basta um pequeno passeio pelos editais dos concursos literários para saber que eles não são, nem de longe, iguais. As diferenças vão desde a nascente – quem patrocina – até a foz – a forma de entrega da premiação. Nesse percurso, existem ainda muitos meandros.

De acordo com Rodrigo Domit, editor do blog Concursos Literários, as maiores fontes patrocinadoras de concursos no país são estatais, como prefeituras, secretarias de cultura, fundações culturais e bibliotecas públicas; ou paraestatais, como o Serviço Social do Comércio (Sesc). Em seguida, no ranking dos que mais promovem esse tipo de atividade, estão as instituições literárias ou relacionadas à literatura, como as academias de letras, editoras, livrarias e revistas.

As regras para a participação também variam muito. Concursos como o Jabuti – o mais importante prêmio literário do Brasil, lançado em 1959 – não premiam autores inéditos, mas sim obras já publicadas. Outros, ao contrário, exigem que o texto ainda não tenha circulado no meio literário, o que significa que a obra não pode ter sido impressa ou até mesmo disponibilizada para leitura em blogs ou sites.

Troféu do Prêmio Jabuti, por Danilo Máximo

Para alguns editais, é possível tirar da gaveta um poema ou um conto antigo e participar. Outros exigem um esforço maior: é preciso ter não só uma, mas sim um livro inteiro de poesias antes de se inscrever. Para os que têm bom poder de síntese, já existem concursos próprios para os microblogs, como o que a Academia Brasileira de Letras lançou em 2010. A exigência era fazer um microconto com apenas 140 caracteres, um tweet.

Os gêneros literários premiados também variam inclusive em um mesmo concurso. É o caso, por exemplo, do Prêmio Literário Livraria Asabeça, organizado pela Editora Scortecci. “A cada ano, o Prêmio é organizado e planejado de uma forma diferente. Esse ano ele está contemplando livro de poesia e livro de contos. Ano que vem vai ser uma novela e um romance”, anuncia o editor responsável pelo certame, João Scortecci. O prêmio da Asabeça é a publicação do livro. Outros concursos dão quantias em dinheiro e existem aqueles que garantem, ao contrário, bons gastos.

Prêmio que não é prêmio
“Verdadeiros estelionatários, que cobram pela inscrição, pela publicação e, em alguns casos, não chegam nem a entregar a obra”. Assim o editor do blog Concursos Literários caracteriza os prêmios conhecidos pelos escritores como caça-níqueis. Para evitar que autores iniciantes caiam nesse tipo de armadilha, o blog não divulga concursos que cobrem taxa de inscrição.

O escritor Rafael Clodomiro foi vencedor do prêmio UFF de Literatura, da Universidade Federal Fluminense, em 2009, na categoria Poesia. Na comunidade do Clube dos Autores, ele organizou um fórum só para debater os concursos literários com outros escritores. Rafael aconselha que os autores iniciantes tenham atenção especial aos concursos que cobram taxas. “É nestes que estão os maiores problemas. Logicamente, quando você paga alguma coisa, você espera um retorno muito bom, principalmente na premiação, avaliação e divulgação. E, se um desses quesitos não acontece, os autores se sentem frustrados”, explica.

Mas a taxa de inscrição pode não ser um indicativo absoluto da má qualidade. Concursos considerados sérios, como o Jabuti, fazem esse tipo de cobrança e estão longe de serem estelionatários. Para o escritor Alexandre Lobão, que dá dicas a autores em seu site, é preciso, mais do que verificar se há taxas, olhar para o histórico da entidade que promove o concurso e avaliar os editais. Se a promessa é publicar uma coletânea custeada pelos próprios autores, pode não valer muito a pena. Alexandre destaca, entretanto, que mesmo os concursos considerados caça-níqueis podem não ser uma roubada tão grande quanto parecem. “Às vezes o cara é um autor inédito, quer publicar o trabalho dele. Ele entra lá, gasta de repente 30 reais para fazer uma inscrição. Se ele for selecionado vai ser um trabalho dele, por mais que seja uma coisa que digamos não é muito séria, reconhecida”, pondera.

Concursos Literários no site Pra Ler


O Pra Ler - que conta com um site e um programa de rádio, que é veiculado toda quinta-feira, às 16:15, na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM ou www.ufmg.br/radio) - está publicando uma série sobre Concursos Literários.

Hoje saiu a primeira de três partes, que segue no link abaixo, e nós publicaremos também as sequências:






[Série] Concursos literários – Atrás dos pseudônimos
Escrito por Julia Marques
27 de agosto de 2012

No último dia de 1937, um jovem de 29 anos, escondido pelo pseudônimo Viator, apostava suas fichas em um calhamaço com mais de 500 páginas de contos datilografados para um concurso literário. O prêmio era bom: a publicação do livro pela Editora José Olympio, tradicional editora brasileira e pertencente ao Grupo Record desde 2001. Depois de descartar obras “menos sólidas”, uma comissão julgadora formada por ninguém menos que Prudente de Morais, Dias da Costa, Peregrino Junior, Marques Rebelo e Graciliano Ramos enfrentou a difícil missão de permanecer unida após o concurso. Entre os finalistas, estava a obra do desconhecido Viator e outra coletânea de contos muito mais enxuta, de Luiz Jardim, um veterano em prêmios literários.

Quase se estapearam na hora de decidir entre os dois. Graciliano quis o livro menor. Dias da Costa, também. Insatisfeito, Marques Rebelo “gritou, espumou, fez um número excessivo de piruetas ferozes” – como esclareceria o próprio colega Graciliano anos depois – e deu seu voto para Viator. Prudente foi atrás. Peregrino foi quem decidiu. Venceram a democracia e o livro Marias perigosas, de Luiz Jardim. Nove anos mais tarde, Viator lançou seu livro pela Editora Universal, no Rio de Janeiro. A primeira edição de Sagarana em poucos dias se esgotou e um novo autor começava a chamar atenção no meio literário: João Guimarães Rosa.

Primeira edição de Sagarana

Mais de 70 anos se passaram desde que essa história aconteceu, mas ainda hoje as editoras buscam a via do concurso literário para descobrirem bons autores. Também não é raro que os julgadores gritem e espumem, assim como fez Marques Rebelo, para darem a vitória ao livro que mais lhes agradou. E no mundo à parte dos concursos literários, atrás de seus pseudônimos, os autores se movimentam em busca de fazer conhecida a sua verdadeira identidade. Poucos conseguem, outros tantos permanecem Viatores.

Tour pelos prêmios

Concursos literários existem há muitas décadas no Brasil, mas talvez o Prêmio Humberto de Campos, do qual Guimarães Rosa participou, não fosse tão concorrido quanto o são hoje outras competições literárias até menos tradicionais. De uns anos pra cá, com a popularização da internet, concursos que já existiam ganharam uma maior divulgação. O editor do blog Concursos Literários, Rodrigo Domit, explica que após a criação das redes sociais e suas comunidades, ficou mais fácil encontrar pessoas com interesses comuns e dispostas a compartilhar conteúdo. “Acredito que a comunidade ‘Concursos Literários’ no Orkut, no ar desde 2004, foi um marco para ampliar a divulgação de certames”, destaca.
O próprio blog de Rodrigo é um dos espaços de maior divulgação dos concursos literários. O endereço está no ar há apenas um ano e meio, mas apesar da pouca idade já dá passos grandes. Rodrigo foi quem criou o domínio, mas conta hoje com dez colaboradores, das cinco regiões do país. O objetivo é garimpar o maior número de concursos literários espalhados pelo Brasil e levar os editais ao conhecimento dos escritores. “A gente sai à caça e já fechei o mês com 48 concursos”, conta.
A maioria dos concursos literários hoje está localizada nas regiões Sudeste e Sul do país. Mas todos os estados já contaram com pelo menos um certame. Se as capitais concentram maior número de prêmios, cidades menores como Ituiutaba, em Minas Gerais, e Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, comandam a realização de premiações muito renomadas e tradicionais.

Concursos literários na Gazeta do Povo (Cristovão Tezza)

Literatura Judiciária

Gazeta do Povo - 08/05/2012
Cristovão Tezza


Quando me perguntam o que tenho feito ultimamente, respondo que estou me dedicando à literatura judiciária. Mas fiquem tranquilos – o tema de hoje não é o Código Civil nem o sistema penal. A expressão me veio para definir um trabalho que tenho feito não tão esporadicamente nos anos recentes: integrar comissão julgadora de concurso literário. Não é uma atividade tão perigosa quanto julgar desfile de carnaval, mas também tem seu risco. A cada concurso que encerro, extenuado, juro a mim mesmo jamais aceitar outro convite; mas sou volúvel e o tempo passa, e súbito vejo minha casa assaltada de originais ou livros a julgar.

Como já perdi muito concurso literário na vida, e ganhei outros tantos, acho que hoje consigo pensar sobre a tarefa com alguma frieza e desfazer alguns equívocos comuns de quem olha de longe. Conhecer os dois lados do balcão tem suas vantagens.

A primeira coisa a lembrar é óbvia: todo concurso é falível e comete erros e omissões. Um concurso literário é apenas índice de valor de um momento, de acordo com as cabeças idiossincráticas dos jurados, e não uma decisão transcendente decretada pelas musas. Um corpo de jurados com predominância acadêmica, por exemplo, tenderá a valorizar determinada linha de produção literária; se houver predominância de jornalistas culturais, ou de escritores, os resultados serão outros. Bancas de dois ou três jurados costumam ser mais coerentes e objetivas (mas não necessariamente mais justas) do que as que contam com dez julgadores; muitas cabeças, sentenças demais. Quase sempre a premiação literária contraria o gosto popular; esta é uma das poucas áreas em que a democracia não funciona. Se o concurso é de livros publicados, o conjunto da obra do autor pode pesar no resultado. Enfim, há um emaranhado de variáveis que interferem nos prêmios que, ao fim e ao cabo, se resumem todas, simplesmente, a preferências estéticas e escolhas pessoais, o que é um duro equilíbrio. Concurso é um fenômeno errático que não deve ser supervalorizado.

Mas é bom que existam porque são uma opção importante para quem começa, desde que, como disse, o escritor não veja neles mais do que eles são. Um escritor sério não deixa de escrever porque perdeu um concurso, e nem se enche de vento porque ganhou. O que impressiona, hoje, é a quantidade e a variedade de concursos literários. Para a geração pré-internet, que foi a minha, é um paraíso – nos anos 70 e 80 não havia praticamente nada além do Jabuti, que valia apenas um jabutizinho de bronze. Hoje, há concurso literário para tudo. Descobri até um blog que parece o google dos concursos literários (confira: http://concursos-literarios.blogspot.com.br/). E os concursos deixaram de ser apenas ornamentais porque pelo menos uma grande qualidade deles está sendo cada vez mais valorizada: o valor do cheque – afinal, escritor não vive de brisa.




Fonte: